terça-feira, 17 de agosto de 2010

SONHOS ADIADOS

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«Nesta época do ano, Lisboa está cheia de homens com aspecto feliz», observaram-me há dias. E eu quis saber porquê.

- Homem, estás mais novo uns dez anos! - disse ao encontrar um amigo.

- Tenho a mulher e as miúdas fora de Lisboa - respondeu-me ele com um sorriso de totalista solitário do totobola.

Comecei então a trabalhar.

«Que vantagem encontra no facto de estar sozinho em Lisboa?», perguntei a diversos casados, temporariamente solteiros, em virtude das férias das consortes.

«Bom, compreende, não é... um homem sempre pode... percebe? Não é verdade?...», responderam oitenta por cento dos entrevistados.

«A principal vantagem é poder estar-se só, em casa, ir nu da sala para a casa de banho, não ouvir o ruído das crianças e... gastar menos dinheiro no cinema», declararam-me doze vírgula um por cento.

«Não vejo qual seja a vantagem», afirmaram seca e inquietadoramente um vírgula quatro por cento.

Os restantes seis e meio por cento foram categóricos: «Ter a família fora é uma maçada! O pó acumula-se, a casa desarruma-se mesmo com uma empregada a cuidar dela, as refeições dos restaurantes estão cada vez mais caras e dão cabo do estômago a uma pessoa e, ainda por cima, temos que estar em casa a horas certas para receber o telefonema da mulher. Fartos! Estamos fartos!!!»

Informaram-me, entretanto, que se está a pensar, algures, na criação da Associação dos Homens Pacatos com Família em Férias (AHPFF), a qual teria por principal objectivo distrair os espíritos e arrefecer os ânimos com filmes culturais, saraus literários, livros morais, capilé, salsaparrilha e cigarros mentolados.

Quem foi que disse que estes homens são felizes? Parece-me antes que estes homens de cara alegre são, pelo contrário, profundamente infelizes. Saem de casa com a alegria de todos os momentos disponíveis, mas quando voltam para o lar vazio e se deitam, sozinhos, ainda com menos dinheiro, cansados, os pés a doer, devem murmurar: «Amanhã à noite vou fazer as coisas mais bonitas que um homem...»

Sonhos. Sonhos antecipadamente adiados.

sábado, 17 de julho de 2010

ÁLIBIS

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Por Joaquim Letria

UM AMIGO meu, que é tipógrafo, diz que leva sempre um exemplar do jornal onde trabalha «para mostrar em casa à mulher que esteve a trabalhar durante o dia».
Um pescador, que conheço, também costuma passar pelo mercado, não para se gabar das suas façanhas, mas para a mulher não desconfiar de que não foi à pesca.
Um calceteiro, com quem falei há tempos, confessou-me que leva diariamente uma dor de rins para casa a fim de a mulher lhe não fazer cenas de ciúmes.

Aquele provador de vinhos, que encontrei, explicou-me também que nunca lavava os dentes antes de a mulher ter a certeza do volume do trabalho que diariamente o avassala.

Outro que tal, era aquele noticiarista que antes de ler as notícias ao microfone dizia: «Olá, querida!»

Não há dúvida que há mulheres ciumentas e maridos que não querem problemas em casa. Penso, no entanto, que os homens abusam.
Os casos que citei são bons exemplos de homens felizes. O seu trabalho faculta-lhes o álibi que as respectivas mulheres exigem.
Agora, se vocês são meus amigos, digam-me: Acham, francamente, que a minha mulher vai acreditar que levei todo o dia para escrever isto?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

AS REGATAS DO RISSOL

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COCKTAILS E RECEPÇÕES são, em regra, boas fontes de notícias. Frequentei-os sempre por prazer, uns, por dever de ofício, outros. Mas quer num caso quer noutro encontrei sempre grande motivo de interesse na observação daquilo que chamo «as regatas do rissol».

Figuras simpáticas sulcam as salas a uma velocidade de cruzeiro constante, extremamente manobráveis, com braços e sorrisos sincronizados, respectivamente para o uísque e para as pessoas, quer dizer, sorrindo à direita enquanto o braço esquerdo apanha na passagem um copo do tabuleiro que vem em sentido contrário.

Sabem conviver telegraficamente: sete palavras a este antes de arrancar para aquele, passando pelos croquetes, com respectiva pausa posterior para deglutir o primeiro e engolir o segundo com tempo no caminho para limpar os dedos ao cortinado.

São perfeitos e eficientes. Trata-se, sem dúvida, duma arte difícil: sorrir enquanto se mastiga, gargalhar enquanto o caviar desliza pelo esófago e principalmente conseguir comer relativamente bem sem que se dê por isso. Parece evidente que escrevo estas linhas por despeito, mas, no fundo, trata-se duma inveja que não consigo esconder.

E sabem porquê. É fácil, nos cocktails só consigo comer pinhões, o que para além de engordar reconheço não ser maneira de estar em sociedade.

As mais das vezes, uma pessoa chega cansada, atrasada, contrariada, apressada. Metem-lhe um copo na mão, um bolinho de camarão no outro, acertam-lhe com um sorriso e desaparecem duma forma que é como quem diz «governa-te!».

Uma pessoa penetra em todo aquele abafado ruído dentário, navega à bolina por entre pãezinhos de leite e olhares acusadores. Quando a confiança começa a regressar, invariavelmente a dona de casa diz.

- Ainda não o vi comer. Não faça cerimónia. Faz favor de estar à sua vontade.

E lá se vai essa confiança, na eloquência dos nossos «hum, hum», com o folhado a saltar-nos da boca para a carpeta, com o sorriso transformado em esgar violáceo, com a consciência a perguntar sobre quem vai pensar e acreditar que aquela era a primeira empada?

- É por causa destas e doutras que admiro e invejo a actuação de quem pratica com à-vontade as regatas do rissol.

E é com tristeza que só consigo comer pinhões descascados. Minto: às vezes também como amendoins ou castanhas de caju.

sábado, 27 de março de 2010

O CARNAVAL DE «OLHOS TRISTES»

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AS PESSOAS DENTRO daquele automóvel parado junto do autocarro que o sinal vermelho imobilizara fizeram «Olhos Tristes» lembrar-se da Velha e sorrir.

As pessoas estavam mascaradas e gesticulavam no interior escuro do carro e riam-se muito e atiravam-se para cima umas das outras, mas nada se ouvia por causa dos vidros do carro e do autocarro e tudo aquilo parecia um filme mudo, com muitos gestos e bocas abertas a gritarem um riso mímico.

«Olhos Tristes» esteve todo o tempo a olhar e a lembrar-se da Velha que já devia estar à sua espera junto da paragem onde desceria dali a pouco, a cerca de duzentos e cinquenta metros da sua porta. Viu as horas e pensou que vinte e duas e trinta de véspera de Terça-Feira de Carnaval era uma boa hora para as pessoas estarem a fazer tudo o que lhes apetecia para se divertirem e devia ser essa a razão por que no autocarro só havia sete pessoas quando nos outros dias à mesma hora quase andava cheio.

«Dez e vinte é uma boa altura para um homem voltar para casa mas quando já está jantado. Para os outros, a noite já começou há um grande bocado e para tipos como eu é sempre mais pequena», pensou.

Quando a luzinha se passou para o verde, o autocarro arrancou mas o carro dos mascarados depressa o ultrapassou porque era mais leve e também por o motor ser mais potente em proporção.

O autocarro dava agora a volta apertada à esquina, e, sem saber porquê, ficou aborrecido com a Velha no pensamento.

«É uma boa mulher. Ainda hoje, com cinquentas, é uma boa mulher. Trabalhou à brava - caramba, se trabalhou! - e nem por isso ficou desfeada», pensou.

Na paragem anterior àquela em que saltaria, o homem perguntou-se: «Que me fará hoje a Velha para jantar?» E ficou a saber que lhe apetecia uma boa perna de frango, embora tivesse a certeza de que isso não aconteceria.

Quando desceu, não viu a Velha e parou na montra do costume onde há quase um ano mostravam aqueles pijamas de flanela às riscas e as camisas de nylon apenas a setenta e cinco escudos que ele cobiçava, mas que não tinha número que lhe servisse.

A Velha segurava nos netos pelas mãos, coçava uma perna na outra e esticava para a frente a barriga, quando ele a viu uns metros mais abaixo.

Os miúdos fizeram «Olhos Tristes» pensar que Alexandrina tinha lá ido jantar e voltou então a recordar-se que estava na véspera de Terça-Feira de Carnaval. O neto mais pequeno veio a correr e pendurou-se na lancheira em que sempre gostara de mexer.

- A tua mãe?
- Saiu. Jantámos e ela saiu. O avô fica connosco ou vai à taberna.
- Porquê? O avô vai mas é jantar.
- E depois?
- Depois logo se vê.

A Velha já ia junto dele e tinha aquele ar igual de todas as ocasiões. Era um ar que parecia dizer «paciência, já sabia que era assim que ia acontecer». Talvez por causa da cara da Velha, ele pensou outra vez no Carnaval.

- Já jantaste?

Esta era uma pergunta diária embora soubesse que ela esperava sempre por ele. Por isso não se preocupou com a resposta e perguntou:

- A Alexandrina onde foi?
- Não sei. Não me disse. Pediu só para ficarem cá hoje os miúdos e saiu.

Em casa foi directamente ao vaso da janela e viu como de costume se a planta precisava de água. Ficou-se a olhá-la enquanto o rádio aquecia, ouvindo a Velha mexer na louça.
«A Alexandrina, é uma boa rapariga, às direitas. Aqui todos falaram por os miúdos não terem pai, mas a Alexandrina é fixe e trabalhadeira», outra ideia que de súbito lhe veio à cabeça.

- Queres molho?
- Hum...
- Perguntei se queres molho, parece que estás a dormir, hoje.
- Pouco.

«Lá fez bife, a Velha... ela come sempre os restos do almoço mas cá para o rapaz faz sempre um petisco. Boa mulher esta Velha.»

- Mas então a Alexandrina não disse onde ia?
- Não. Falou só de uma festa com umas colegas.

«Pois claro. Uma festa. Afinal é véspera de Terça-feira de Carnaval.
«Este tipo agora pôs-se a cantar o fado. Só neste país... afinal que raio é o Carnaval? Naquele ano em que pensei em brincar ao Carnaval apanhei mas foi uma tareia do caraças que o meu pai me arreou por ter roubado uma bisnaga na tabacaria do Ramos».

Ficou-se diante do bife a olhar as costas da mulher curvada para o fogareiro.

Os miúdos brincavam com o cinzeiro de louça que era ao mesmo tempo o emblema do Benfica e que segurava o naperão sobre o aparelho de rádio.

- Tá quieto, Miguel. Olha que partes isso e depois eu arreio-te.

«Carnaval. E se... Não. Não digo nada à Velha.»

- Depois de comermos vais lavar a loiça?
- Lavas tu, não?
- Não é isso. Quero dizer se a podes deixar para amanhã.
- E depois amanhã vais tu à praça e lavas-me a roupa que é preciso...
- Merda. Mas não podes hoje deixar essa louça? Um dia não são dias…
- Posso. E depois?
- Os miúdos já comeram?
- Já.
- Então tu podias deitá-los e pedias aqui ao lado que dessem uma vista de olhos.
- Mas que raio de ideia te deu, homem?
- Ora, é Carnaval e podíamos ir até à Baixa ver as máscaras...
- Tu tás doido!

O bife era de porco e estava passado apenas o suficiente como ela sabia que ele gostava e as batatas eram fritas, grossas e moles como também preferia.

- Mas não podemos lá ir um bocadinho só?
- Mas praquê? Diz lá o que te deu?
- Depois, apanhávamos o elevador e vínhamos de eléctrico que sempre há até mais tarde.
- Pois, e amanhã, cá estava a escrava com o serviço todo às costas.
- É feriado e eu ajudava-te.
- Tem mas é juízo.
- A Alexandrina volta cedo?
- Sei lá! Não disse.

Acabou o bife, acendeu um cigarro, desceu a escada de ferro que rodeava todo o interior do pátio como se fosse uma galeria e para a qual davam todas as habitações do primeiro andar. Atravessou o empedrado e parou um bocado à porta a olhar a rua. Na esquina enfiou-se na taberna. Tomou um bagaço, mal conversou, e pôs-se a olhar a capelista da frente ainda aberta.

De repente, atravessou a rua, deu as boas-noites à menina Alzira, uma solteirona de quem se dizia que dormia com o gato grande e amarelo que desde sempre pulava por cima das caixas grandes dos rebuçados das colecções dos jogadores da bola e dos envelopes e das revistas. Esteve lá dentro uns dez minutos. Quando saiu, trazia uma mão atrás das costas e assobiava num meio sorriso.

No túnel que da rua conduzia ao pátio, para onde davam as habitações, parou um bocado, depois atravessou mais depressa e sem ruído o empedrado e teve cuidado em não fazer barulho quando subiu a escada de ferro. A porta estava encostada. A Velha lavava a louça e os miúdos brincavam em cima da cama.

- Huh, huh, huh...

Quando a Velha se voltou, uma gargalhada que parecia um grito desprendeu-se da garganta de «Olhos Tristes» e o homem atirou a cabeça para trás a rir cada vez mais e os miúdos saltavam à sua volta e riam-se também, só a Velha não ria, olhando com aquele ar que parecia dizer «paciência, já sabia que era assim que ia acontecer», e os miúdos gritavam «dê-me, avô, dê-me...» e «Olhos Tristes» curvava-se engasgado e vermelho, a urrar, até tombar devagarinho na cama, sempre a rir, agora já sem força o seu riso mais parecia um choro de bebé, com os miúdos a saltarem-lhe em cima e a puxarem, até a mascarilha preta de cartão lhe ficar na testa. O mais novo conseguiu agarrá-la e os dois foram para um canto cada um a querer pôr a mascarilha primeiro do que o outro Na borda da cama, «Olhos Tristes» sorria por causa dos miúdos e quando a Velha lhe passou a mão deu-lhe uma palmada no rabo e disse.

- Vá despacha-te. Vamo-nos deitar hoje, ou quê?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

À ESPERA, PELOS JARDINS

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O VELHO OLHOU, tranquilamente, para o outro extremo do jardim. Era um olhar certo, que sabia antecipadamente o que ia encontrar. Era o olhar de um velho.

As crianças que brincam naquele jardim não notam os velhos. Brincam entregues a si próprias e só elas contam, entre si; os velhos não brincam com as crianças, naquele jardim, nem reparam nelas demasiadamente. As crianças importam-se apenas consigo próprias e com as brincadeiras. Os velhos importam-se com coisa nenhuma. São apenas velhos a aquecerem-se ao sol. São velhos à espera da morte.

O miúdo louro, de quatro anos e de bola na mão, foi apanhado pela retina que fixava aquele extremo do jardim. Ria. De três em três passos, dava um pulo, na corrida. O braço levantou-se mais alto do que a cabeça e a bola foi arremessada.
O velho não seguiu a trajectória da bola e os seus velhos olhos apenas piscaram mais demoradamente mas não mais do que o necessário. Ficou-se a olhar a criança e logo a seguir o sítio onde ela estivera.

(Têm pernas nuas as crianças dos jardins e os velhos vestem pesados sobretudos e têm cachecóis de malha caseira à volta do pescoço, de peles por barbear.
Naquele jardim sossegado, diariamente, as crianças brincam por entre árvores e velhos à espera da morte, sem o perigo dos automóveis).

É curioso e estranho que estes velhos escolham um jardim para gastar os dias secos. Há velhos que são apenas velhos. Mas estes são velhos à espera da morte. Um velho que não espera mais do que acabar procura quase sempre um jardim, e é quase o único que sabe tirar todo o prazer da tranquilidade relativa do lugar.
Os velhos que não pensam ainda em acabar deixam os jardins vazios para as crianças e para os namorados e ficam-se a ver a laranjinha ou a sueca, no botequim ou no clube do bairro.
Mas os velhos que se sentem um peso morto para a família, que perderam as companheiras, que arrastam os pés e se sentam próximo dos urinóis, esses olham tudo e todos com aquela certeza antecipada do que vão ver e ficam-se, estaticamente confundidos com as árvores de grande porte.

- Como vai isso, amigo, como vai isso?
- Comé qu 'há-de ir, isto agora já não vai. Só um balde de cal e três badaladas.
- Oh, e eu nem me diga, amigo. Prà qui penamos. . .
É um dos típicos diálogos destes velhos, nos jardins que fazem lembrar cemitérios de elefantes.

Conversas destas e frases como «A morte anda cega» e «Já falta pouco para tudo se acabar» podem ali ser escutadas por qualquer curioso do quotidiano.
Não sei se foi encontrado algum velho morto, num jardim público. Mas acho que sim. «Ir ao jardim» é, afinal, a resposta à vida que se obrigam dar quando se sentem mais perto da morte. Um velho distraído, num jardim, é o balanço de uma existência; é uma soma de amarguras.
Quando um não aparece, os outros pensam que foi do frio ou, talvez, do reumático. Mas se passam mais uns dias, um há que vai perguntar. Então uma vizinha diz. «Morreu, coitadinho. Morreu na semana passada.» O velho, que foi saber, volta mais tarde do que o costume e conta ao primeiro dos outros velhos o que ouviu. A notícia vai assim correndo. Mas não a comentam em grupo, embora a possam repetir a alguns já avisados. E ficam-se por aí, porque sabem que aquilo é o que acontece em todos os casos. Pensam, então, que estão a ganhar mais uns dias ou, pelo contrário, que o camarada lhes ganhou a corrida.

(Tenho visto muitos cadáveres e entre estes os de muitos velhos. São os que apresentam no rosto rígido uma certa felicidade. Não estou a dizer nenhuma irreverência São, de facto, os «velhos-que-esperam-a-morte» que aparentam a maior tranquilidade depois de acabados, mesmo que o fim tenha sido violento.
Têm todos o ar de que não restou nada para fazer e o de a quem aconteceu, simplesmente, aquilo aguardado com a frieza das certezas antecipadas. Não se pode falar com um morto. Mas um cadáver de velho diz-nos muita coisa, serenamente.)

Se se fizesse a média dos velhos que todos os dias se finam, concluir-se-ia que, em breve, não haveria ninguém à espera da morte nos jardins públicos. Mas não se pode esquecer que, diariamente, nascem velhos; e há também jovens à espera do fim de uma «vida provisória».

Sim. Mas, e as crianças? Pois. As crianças...
Passemos-lhes a mão pelos cabelos, numa promessa. Uma promessa mútua: para elas e para nós. Porque se não soubermos dar-lhes uma vida definitiva, então, amigos, não haverá, quando o nosso tempo também chegar, velhos nos jardins. A menos que não sintamos vergonha ao encararmos com as crianças.